A VOZ DAS ARQUIBANCADAS: “Tricolores unidos, Fluminense mais forte” – Fernando Antunes (Flu France)
O ano era 1995. Depois de uma investida fracassada em montar uma nova “Máquina” em 1994, lá vem o Fluminense com mais um ano de investimentos modestos e contratações contestáveis.
Do outro lado, o clube de regatas monta uma verdadeira seleção. Os salários fartos da Gávea contrastavam com as modestas remunerações frequentemente pagas com atraso pelo Fluminense. Eles trouxeram o principal técnico do país na ocasião, notórios jogadores em todas as posições e o melhor de todos à época: Romário.
Junto com essa verdadeira seleção montada pelos desertores da Lagoa, veio a animação da imprensa e da opinião pública. O clima de euforia era gigantesco e nada, absolutamente nada podia ser feito para conter tal excitação rubro-negra nas conversas dos bares e das esquinas. Isso tudo, claro, até o chute de Aílton encontrar a barriga de Renato antes daquele gol. Mas guarde esse momento pra depois.
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De certa forma, podemos perceber que hoje vivenciamos uma situação análoga. Se por um lado não é idêntica por não ele não terem o principal técnico do país e o melhor jogador do mundo eleito pela FIFA, por outro, eles têm uma excelente condição financeira, além da boa e estruturada equipe. E, mais do que isso, mantém o clima de euforia dos bares e das esquinas.
Porém, uma questão ainda mais importante dita a diferença das épocas serem parecidas, porém, diferentes: o comportamento da nossa torcida.
Lembro-me de uma época sem internet na palma da mão, mas com espírito de união e de combate ao mainstream. Na década de 90, enfrentávamos as diferenças óbvias com postura de torcedores que defendem suas cores. Cobrança porta pra dentro, defesa e exaltação porta pra fora. E principalmente, com um comportamento que todo torcedor do Fluminense deve ter: apoio incondicional ao time que entra em campo.
Essa postura, naturalmente, contagiou os atletas daquela época. Apesar das adversidades, nos trouxe resultados importantes considerando a relevância e o peso das conquistas e, claro, o memorável título de campeão no ano do centenário do maior rival, conquistado com uma vitória antológica em cima deles.
Hoje, com whatsapp, twitter e todos esses meios que permitem nossa união, curiosamente, também são esses os meios que nos afastam.
Com a propriedade de quem acompanha o Fluminense diariamente há quase 40 anos, lhes digo: a negatividade em conversas públicas sobre o clube é exagerada. Felizmente, você que tem 28 anos ou menos, não vivenciou os desastrosos anos de chumbo de 96/97/98. E o que percebo acontecendo agora nos debates tricolores, de certa forma, só se assemelha aos momentos que antecederam a época que os bares e esquinas decretaram a falência do Fluminense.
Nessa época louca que estamos vivendo, com pandemia, com mudanças de calendário, queda de receitas, mudanças de janelas de transferências e centenas de outras variáveis, o clube conseguirá, ao que tudo indica, a classificação para a Copa Libertadores da América.
Tal feito, ainda que seja pequeno para nossos objetivos, não acontece desde 2012! Ainda assim, influencers que até se apresentam como torcedores, reafirmam diariamente comportamento crítico negativo, como se tudo fosse um desastre e nada estivesse funcionando.
E o que não falta é gente pra influenciar negativamente. Gente ou profiles, impossível determinar. Existe influencer jornalista, influencer torcedor, influencer político do clube. Tem até influencer falso. Esses fakes, infelizmente, têm até demais.
É um mar de tweets humilhando jogadores e contestando capacidade profissional de técnicos, fios e fios de “análises” sem fundamento, vídeos de opiniões divergentes dos próprios fatos, imagens que zombam nossa própria condição atual momentânea.
Nessa onda de falsas informações, críticas destrutivas e um clima pesado de negatividade, nós, torcedores, não aproveitamos esse momento importante de reconstrução e alegria por figurar entre os principais clubes do país na atualidade, ainda que não seja plena com a conquista de títulos.
Parece redundante destacar, mas tal comportamento não contribui em absolutamente nada. Só faz com que os desafios, que já são grandes em qualquer cenário competitivo, sejam ainda maiores. Além de vencer da porta pra fora, precisamos nos superar da porta pra dentro.
Somos Fluminense. Sem falsa modéstia, somos melhores que isso. Podemos e devemos ter a própria opinião sobre os fatos. E usarmos esse senso crítico a favor da nossa instituição, não contra o seu desenvolvimento.
Manter comportamento positivo é diferente de ser complacente, assim como se comunicar de forma assertiva não representa subserviência. Em outras palavras, é possível ser crítico e torcer para o clube sem ser um bobo alegre que passa o pano para tudo. Tais comportamentos não deveriam mudar em razão da existência de novos meios de comunicação.
Lembra quando falei do Gol de Barriga? Esse momento que hoje você adora retuitar e encaminhar para seu grupo de amigos, nasceu aos 43 minutos do segundo tempo de um Fla x Flu, com 9 jogadores em campo, uma equipe guerreira, sem holofotes e sem salários astronômicos. Mas com a energia e o apoio incondicional do maior patrimônio do nosso clube. Nós.
Pense nisso.
Saudações Tricolores.
Fernando Antunes é torcedor do Fluminense desde outras vidas. Já viu Ricardo Gomes e Thiago Silva, mas também viu Itaberá e Toninho El Bíblico. E torceu por todos eles, e tantos outros, enquanto vestiam a camisa do Fluminense.