A Roger o que é de Roger – clássico não se joga, se ganha!

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Na última vez que escrevi por aqui, não poupei críticas ao técnico Roger Machado, sobretudo pela inércia dele ao não conter a virada de jogo (no sentido de mudar a partida), contra o Athlético-PR. Mas hoje – e da mesma forma que critiquei – é preciso reconhecer que o treinador mudou o jogo para o Flu, ao fazer as alterações que deram vida ao time e que culminou no primeiro gol de André, no apagar das luzes do clássico. Parafraseando algum sábio popular: “clássico não se joga, se ganha”. Foi o que o Fluminense fez. Foi o que o Roger fez.

Mas será que isso é capaz de esconder ou minimizar os problemas que a equipe ainda apresenta? Longe, mas muito longe disso. No entanto, é sempre importante ir vencendo e construindo as mudanças com os pontos na tabela. Te dá mais tranquilidade, moral e, principalmente, confiança do grupo. E isso, meus amigos, é crucial num momento ruim. O Flu veio de quatro jogos sem vencer – somando apenas 1 ponto em 12 – e ainda foi goleado na última partida. Cenário muito desfavorável, sobretudo nos dias que antecedem o encontro com o badalado rival. Aliás, como diriam muitos, quer oportunidade melhor de espantar o princípio de uma crise do que vencer um clássico? Pois é.

O JOGO

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O Flu começou o jogo com novidades entre os titulares. Cazares assumiu a criação, no lugar de Nenê, Samuel Xavier e Caio Paulista retornaram aos seus lugares. Mas o enredo do jogo começou com o Flu atônito, sem ver a cor da bola no primeiro tempo. Para não falar que não chegamos, tivemos um cruzamento de Egídio para uma cabeçada de Fred. No mais, assistimos as chegadas de Bruno Henrique, Michael, Rodrigo Caio, Pedro e Gustavo Henrique. Mas, novamente numa grande atuação, Marcos Felipe salvou o Flu. Quando não deu para ele, o travessão fez a sua parte.

E os números do primeiro tempo refletem esse cenário. Para termos uma ideia mais real ainda, nos primeiros 45 minutos o Flu teve 35% de posse. Ou seja, quando desarmava ou recuperava a bola (seja por lateral, tiro de meta e afins), o time não conseguia ficar com a redonda. A pouca efetividade na marcação, atrelada à rápida movimentação do time adversário, colocaram o Flu acuado no seu campo, quase como um sparring – aquele de preparação de lutas – sem ação e com pouca reação. Sorte nossa que o primeiro tempo terminou 0 x 0.

O Flu retornou dos vestiários com a mesma formação. Segundo Roger, a princípio ele acreditou que a conversa no intervalo pudesse surtir efeito. Mas foram as suas substituições que mudaram o jogo a favor do Flu:

– Eu me movimento com o que está acontecendo no jogo. A intenção de muitas vezes não trocar no intervalo, quando o placar está zerado, é acreditar que com a conversa vai voltar diferente. A partir do momento que isso não acontece, vamos para as substituições. Nunca pensando na estrutura, a estrutura se altera e pode ser alterada com a mexida de características das posições, o que aconteceu hoje. Ao colocar o Lucca na frente, que é um jogador de velocidade, fiquei com a mesma estrutura, mas mudei a característica – disse em coletiva, após a partida.

Pois é. Se Roger já foi muito criticado suas mudanças não surtiram efeito, e fez com que seu time até caísse de produção, hoje precisamos reconhecer que suas mexidas foram determinantes para a vitória. E logo de cara vimos isso. Logo depois de sacar Cazares e Fred para as entradas de Nenê e Lucca – isso aos 20 do segundo tempo – o experiente meia fez um lançamento magistral para a entrada de Lucca, que conseguiu tirar o goleiro, mas acabou batendo fraco, facilitando a chegada da zaga. Na sequência, novamente Nenê aciona Lucca, que bate firme para a boa defesa do goleiro deles. O Flu estava vivo no jogo.

Outro destaque do time foi a entrada de Luiz Henrique, aos 25. O “moleque” que não vinha bem na temporada, deu sinais que está se recuperando – ter ficado de fora da última relação parece ter feito bem a ele, que ainda completou a expressiva marca de 50 jogos com a camisa tricolor. Na primeira oportunidade, se livrou de dois, entrou na área, limpou para a canhota e obrigou Diego à uma grande defesa no chão.

Isso mostrou uma outra questão importante de Roger: tempo das substituições. O treinador dessa vez não esperou tanto para providenciar as alterações. O resultado foi um time renovado, com mais presença de ataque e com chances perigosas criadas. Pedíamos muito isso. Tomara que seja uma inovação que tenha chegado para ficar. Mas a última, que foi a estrela da noite, ocorreu mais pelo desgaste físico de Martinelli do que por uma intenção de alterar a forma da equipe jogar. Aos 41 minutos, André entrou em campo para aos 46 concluir a jogada do gol.

Nene “escondeu” a bola no meio e ligou para Kayky. Este recebe e gira para a penetração de LH, pela direita. LH invade a área, tira o zagueiro para dançar, vai no limite da linha de fundo e cruza. Lucca fecha, mas deixa passar para André concluir de primeira e dar números finais ao jogo. Todas as alterações de Roger Machado participaram da jogada.

Roger oscila muito nos jogos, mas ainda acredito que ele seja capaz de conquistar coisas boas aqui no Flu. Algumas questões vão se mostrando para ele, que precisa entender melhor o seu elenco e alterar o comportamento do time em campo. Continuo não concordando com essa linha de 3 na frente, com os dois pontas precisando voltar muito para fazer o balanço defensivo – aliás, somente com Caio Paulista e Biel conseguimos fazer isso. Entendo que seja melhor um meio mais consistente, conseguindo fazer o balanço e dar mais liberdade aos alas.

Ontem assistimos um time se desenhar com Lucca e Nene no meio, Kayky e Luiz Henrique na frente. Se nosso treinador reconhece que não há tempo para treinar e que isso precisa vir das alterações nos jogos, que seja então mais um ponto de observação. Não precisamos de um esquema com três atacantes para sermos efetivos no ataque. Um meio equilibrado, consistente, que dê a liberdade e espaço para as penetrações lá na frente são muito mais producentes, pelo menos é o que eu penso.

– A gente não pode ficar muito preso ao desenho que está dentro de campo sem pensar na característica dos jogadores. Não tem muita mágica no futebol, pedem alternâncias, mas como o treinador vai ter alternâncias de estrutura dentro de um cenário que você tem um jogo a cada três dias? Hoje o treinador de futebol vai se basear naqueles que escalam e trocam bem, porque não há tempo para mexer em estrutura. Porque aí sim você corre o risco de desestabilizar o mecanismo que vinha dando certo – disse após o jogo.

Que assim seja, Roger. E que sigamos no caminho das vitórias.

Grande semana a todos,

WdA

FOTO: LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.


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