Tricolores,

O Campeonato Carioca é um verdadeiro engodo. Trata-se de uma competição recheada de times que disputam a terceira e a quarta divisões do futebol nacional. Outras sequer disputam o Brasileiro. São essas equipes que entram em campo para desafiar o Fluminense. Portanto, quando perdemos ou empatamos com essas equipes, o sinal amarelo deve ser imediatamente aceso. Principalmente quando o nosso time é dominado e não consegue se impor em campo. Isso porque futebol não é uma ciência exata e tropeços acontecem com todos os times, inclusive os gigantes europeus. Contudo, jogar mal contra equipes de divisões nacionais inferiores é um sinal mais do que evidente de que as coisas estão erradas e certamente sofreremos muito quando as competições mais importantes começarem.

Pois bem, o Fluminense titular estreou contra o Americano, vencendo a partida por 4 a 0. Apartemos o resultado, que sempre é positivo, mas, neste momento, indiferente por conta da qualidade do adversário, vamos conversar sobre o comportamento do time, que me pareceu ter se colocado muito bem em campo. Nosso goleiro não fez uma defesa sequer. Nossos defensores venceram quase todas as disputas. O meio de campo, como há muito não víamos, conseguiu efetuar jogadas objetivas em direção ao gol, com lançamentos, viradas e enfiadas de bola (os famosos bola e triângulo do “FIFA”). O ataque encheu-nos de esperança ao ser batalhador, insistente, contundente e preciso. Entretanto, fica a dúvida se tal atuação se deu por conta da nossa imensa superioridade técnica e tática ou se pela total ineficiência e desqualificação do adversário. Ou dos dois.

Bom, eu fico com os dois. O Americano não me pareceu ser um time que fará frente aos demais pequenos. Não consegui ver qualidade nos jogadores, apresentando um futebol completamente previsível, com passes laterais e jogadas sem objetividade alguma. Já o Fluminense, como dito acima, foi muito consistente o jogo todo, impondo seu futebol, com jogadas trabalhadas, quando o adversário estava postado em sua defesa, e rápidas, quando este se recompunha do ataque para a defesa.

E isso é um alento. Afinal, vimos o Fluminense jogando futebol. E fazia anos que isso não acontecia. Eu sei que o time permanece limitado, é verdade. Precisamos qualificar ainda mais a equipe. Especialmente no meio de campo ofensivo, pois Daniel, que fez a sua melhor partida na vida nessa quinta-feira passada, é pouco para enfrentar 2019. Ezequiel, na lateral direita, é muito tímido e precisa se soltar mais. Porém o Fluminense pensa, impõe-se e briga pelo resultado. Pouco para nossas aspirações, pois ainda acho insuficiente para sermos campeões de algo (não estou considerado aqui o Carioca, uma vez que, como apresentado no início do texto, percebo a competição como um verdadeiro engodo, mas que não deixa de ser importante). Por outro lado, definitivamente, um alento. Quem sabe se conseguirmos o Ganso e mais um reserva para brigar por posição com o Daniel isso não mude de figura? Fica aqui a minha torcida.

Vamos ver como o time se comporta amanhã, às 17h, contra a Portuguesa no Maracanã. Jogo bom para levarmos a família e amigos. Mas corra para adquirir seu ingresso, já que o Fluminense disponibilizou apenas 10 mil deles para a partida. Eu tenho certeza de que irão mais torcedores do que isso. Promessa de caos nas imediações do estádio. Não será a primeira vez, infelizmente.

No entanto, aqui cabe uma ressalva. A definição da carga máxima de ingressos assim foi determinada porque a quantidade é definida na reunião final para os preparativos para a partida. Esta aconteceu, – pasmem! – na quarta-feira por imposição da FERJ e das demais autoridades públicas (leia-se Consórcio, Bombeiros e Polícia Militar). Como o Fluminense encontra-se em total dificuldade financeira (quanto maior a carga máxima, maior o custo do jogo), definiu o número de 10 mil pessoas, considerando a presença da torcida no primeiro jogo no Maracanã (cerca de 7 mil pessoas). Por algum motivo daqueles incompreensíveis que a nossa “excelente” Administração Pública nos impõe, não é possível alterar a carga para cima, mas apenas para baixo, mantendo-se o custo definido na reunião final. Ou seja, o Fluminense teve que definir a quantidade máxima de torcedores antes de saber o resultado do jogo de quinta, arriscando-se a assumir um custo que não tem como arcar por conta da sua situação de total insolvência. Dilema do prisioneiro puro e aplicado.

Ainda que a Administração Pública diga ser impossível alterar para cima a carga de ingressos, o que não me parece nem um pouco razoável, espero que o Fluminense tenha oficiado as autoridades públicas, solicitando, ainda assim, o aumento dela, pois é certo de que haverá mais do que 10 mil tricolores no Maracanã neste domingo. Isso, evidentemente, se não houver algum fato extraordinário que afaste o torcedor do evento (a chuva torrencial de ontem, por exemplo). Demonstraria, no mínimo, zelo pelos seus torcedores, que é o que se espera do clube. Sempre.

Saudações Tricolores,

Leonardo Bagno

ACRÉSCIMO DE TEMPO: +3

46min: Hoje temos assembleia-geral no Fluminense. Evito tratar de política neste espaço porque não tenho acesso às informações e às pessoas dos vários grupos políticos existentes. Não quero nem posso ser leviano com ninguém. Além disso, acho o universo político do clube muito pequeno para que as pessoas sejam demonizadas ou adoradas como elas acabam sendo. Cada um tem uma característica que pode ser usada a favor do clube. Quanto mais demônios criamos, mais perto do fim estamos, pois todos virarão demônios um dia, já que o quadro político do clube não se renova na mesma intensidade que julgamos os que nele estão. Dito isso, torço para que os sócios tenham clarividência e façam o que for melhor para o Fluminense. Só que uma coisa é certa: o atual presidente precisa sair, já que declarou para todos que não quer mais ocupar o cargo para o qual foi eleito. Estranho fazer isso da maneira que está fazendo, pois bastaria renunciar. Mas se é assim que ele quer sair, que assim seja. E o quanto antes para que o clube não seja ainda mais prejudicado.

47min: Yony (que se fala Johnny), se permanecer com a vontade demonstrada, não só fará gols em todos os clássicos que vier a disputar (já o vejo comemorando seus gols contra o Flamengo, dançando na frente da Raça-Fla) como se tornará ídolo do clube. Espero que já estejamos tratando da sua renovação.

48min: 2 a 0 Fluminense. 47 do segundo tempo. Falta um minuto para terminar a partida. Yony é lançado, como uma flecha, dribla dois zagueiros e o goleiro, mandando a bola para o fundo da rede do adversário, marcando seu terceiro gol. A torcida explode de alegria e canta em uníssono: GOL! JOHNNY! GOL! GOL! JOHNNY DO FLU!

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