Um ano da Glória Eterna – Relembre a campanha do Fluminense

O Fluminense comemora nesta segunda-feira (04) um ano da conquista do título da Copa Libertadores. A vitória por 2 a 1 sobre o Boca Juniors, no Maracanã, concedeu a Glória Eterna ao tricolor, o maior título da sua história. Veja a trajetória do Flu, da fase de grupos até a grande final:

Apesar de ter conquistado todos os títulos nacionais e apresentá-los na sala de troféus da sede do clube, em Laranjeiras, o Tricolor ainda não possuía um título internacional em sua galeria. A busca pela Copa Libertadores era um desejo de sua torcida, que além de nunca ter vencido a competição, o clube carregava um trauma que precisava ser superado.

No dia 2 de julho de 2008, também no Maracanã, o Fluminense enfrentou a LDU na final da Libertadores. Após reverter a derrota no Equador, o Tricolor acabou sendo derrotado nos pênaltis. Essa perda deixou uma marca profunda na história do clube e em seus torcedores. Quinze anos depois, o Flu conseguiu cicatrizar essa ferida ao conquistar o maior título do continente.

Fase de Grupos do Fluminense em 2023

 

O Fluminense iniciou a campanha da Copa Libertadores em Lima, no Peru. A equipe comandada por Fernando Diniz enfrentou o Sporting Cristal e saiu atrás no placar. Porém, Germán Cano, que viria a se tornar o artilheiro da competição, marcou dois gols, e o zagueiro Vitor Mendes completou a vitória.

Depois da primeira rodada, o Fluminense teve dois confrontos como mandante no Maracanã. O primeiro foi uma vitória simples contra o The Strongest, com gol de Nino. Já na terceira rodada, foi uma das partidas mais marcantes da campanha tricolor. Em uma noite especial, contra o River Plate, o Fluminense terminou o primeiro tempo empatado por 1 a 1, com gol de Germán. Mas, na volta do intervalo, houve um anúncio do que a equipe guardava para a Copa Libertadores. Com mais dois gols de Cano e outros dois de Arias, o Flu bateu a equipe argentina por 5 a 1.

A equipe que parecia classificada, com 9 pontos em 9 disputados, viu a vaga ser ameaçada após perder para o The Strongest na Bolívia e para o River na Argentina. A derrota no Monumental foi assistida por 4 mil tricolores que viajaram para acompanhar o time. Com dificuldades e mais um gol de Germán Cano, o Flu se classificou para as oitavas de final com um empate em casa contra o Sporting Cristal.

Na busca pelo título inédito, tanto a torcida quanto o time e o treinador permaneciam unidos, em sinergia por algo maior. Fernando Diniz iniciou a campanha “todo dia é quatro de novembro”, onde, independente da fase, competição ou sentimento, o elenco tinha que estar focado em disputar a grande final da Copa Libertadores.

O Fluminense iniciou o mata-mata contra o Argentinos Juniors. Na Argentina, a primeira partida foi um grande duelo para a equipe tricolor. Avalos abriu o placar para o time mandante, e Marcelo foi expulso no início da segunda etapa. Fábio fez uma grande partida, e Samuel Xavier marcou um belo gol para empatar aos 43 minutos do segundo tempo. Em uma partida dura no Rio de Janeiro, o destino parecia ser a disputa de pênaltis, mas “Samuca”, assim como na capital do tango, colocou a equipe adversária para bailar e, com mais um chute de fora da área, colocou o Fluminense em vantagem aos 42 minutos. Já nos acréscimos, um dos nomes mais importantes do título iniciava sua participação: John Kennedy ampliou para o Tricolor e garantiu a vaga nas quartas.

Nas quartas de final, o Flu enfrentou o tradicional Olimpia, tricampeão da América que havia eliminado o Tricolor em 2022 e que tinha acabado de passar pelo Flamengo nas oitavas. Dentro do Maracanã, com um belo mosaico da torcida, o Tricolor carioca venceu por 2 a 0, gols de André e Germán Cano. No Paraguai, no histórico Defensores del Chaco, lotado, Germán Cano prometeu a Libertadores para o presidente Mário Bittencourt, antes mesmo da partida iniciar. Mesmo sem ouvir, aqui no Rio de Janeiro a torcida também passou a acreditar nas palavras do eterno ídolo tricolor.

Com um esquema ofensivo de Fernando Diniz, o Fluminense entrou com um 4-2-4, onde o meio-campo era composto apenas por Ganso e André. O “Menino Rei” marcou o primeiro gol, e Germán Cano completou o placar. 3 a 1 para o Fluminense e classificação para a semifinal garantida.

Tensão no Maraca e “Tá Escrito” no Beira Rio

A fase que antecedeu a grande final foi, para muitos tricolores, o momento mais marcante de toda a trajetória. O Fluminense recebeu o Internacional no Maracanã e marcou logo no início com Germán Cano. Sem Samuel Xavier, expulso antes do intervalo, o Tricolor sofreu o empate ainda no primeiro tempo. Pressionado, Alan Patrick virou o confronto. A torcida não parou de apoiar e, aos 30 minutos, após assistência de Nino, Cano fez um gol espírita que deu sobrevida ao Flu no Rio Grande do Sul.

Em Porto Alegre, o jogo começou antes do apito inicial. Mais uma vez com quatro mil ingressos vendidos e setor visitante esgotado, o DJ do estádio colocou a música “Tá Escrito” para tocar. Os cariocas presentes no jogo cantaram o pagode do grupo Revelação e sentiram que algo estava para acontecer. Mesmo com o gol de Mercado nos minutos iniciais e uma partida sem muita inspiração, o Fluminense buscou a virada faltando 15 minutos para o jogo acabar. Cano e John Kennedy, de novo, realizaram o sonho dos torcedores em retornar a uma final de Copa Libertadores.

Glória Eterna e o fim de um trauma

Seria errado se fosse diferente. Quinze anos depois, o Rio de Janeiro voltou a vestir verde, branco e grená para receber o Fluminense em uma final continental. Assim como em Assunção, no Paraguai, e em Porto Alegre, no Sul, o Boca Juniors também foi vítima da dupla que estava pronta para conquistar a América. Germán Cano fez o décimo terceiro gol na décima terceira partida da campanha, e John Kennedy, iluminado, marcou na prorrogação o gol que garantiu o título para o Flu, acabando com trauma causado pela LDU.