Ídolo do Flu, Abel Braga confirma aposentadoria como treinador

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Segundo técnico com mais jogos no comando do Fluminense, Abel Braga confirmou, em entrevista ao “ge” nesta quarta-feira (29), a sua aposentadoria como treinador. O agora ex-profissional, no entanto, ainda planeja seguir trabalhando no meio do futebol. De acordo com o prórpio, Abelão quer atuar daqui para a frente como coordenador técnico.

Após 37 anos de uma vitoriosa carreira, Abel Braga se disse cansado. Sobretudo das viagens. “Todo mundo reclama do número de jogos, que é muito grande. Não só o corpo, o mental também. Mas eu não estava aguentando mais esse número de viagens”, disse o ex-treinador.

Antes disso, Abel já havia declarado, em entrevista ao “Uol”, que se aposentaria no dia 21 de Julho, mesma data que Fred e aniversário do Fluminense. No entanto, o agora ex-treinador decidiu antecipar.

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Abelão estava sem clube desde que deixou o Flu, no fim do mês de Abril. Esta havia sido a sua quarta passagem pelo Tricolor, somando ao todo 354 jogos.

Mas, mesmo com a aposentadoria e aos 69 anos, Abel Braga não pensa em largar de vez o mundo do futebol. Ainda na entrevista, o ídolo do Flu detalhou a função que quer exercer a partir de agora.

“Não quero ser executivo, não quero ser diretor técnico, quero ser coordenador técnico. Não quero fazer negociações, por exemplo. Eu posso colocar em prática tudo que aprendi. Quero dar respaldo para o técnico, para a comissão técnica e para os jogadores. Se o comportamento de um jogador não está condizente com aquilo que se espera dele, para quê o treinador vai lá se desgastar? Sou eu”, comentou o agora ex-treinador.

De zagueiro a ídolo como treinador, a história de Abel Braga no Fluminense

Abel Braga como zagueiro do Fluminense na década de 1970
Como jogador, Abel conquistou três Campeonatos Carioca (1971, 1973 e 1975) , duas Taças Guanabara (1971 e 1975) e um Torneio Internacional de Verão (Foto: Reprodução/Fluminense FC)

Abel começou como zagueiro no Flu no início da década de 1970 e vestiu a camisa tricolor até meados de 1975.

O defensor, no entanto, viria ídolo no rival Vasco, onde atuou até 1979 e disputou a Copa do Mundo de 1978 com a Seleção Brasileiro. Além disso, Abelão ainda defendeu o PSG, da França, Cruzeiro, Botafogo e encerrou a carreira no Goytacaz em 1984.

Logo após encerrar a aposentadoria dos gramados, Abel Braga iniciou a vida como treinador no próprio Goytacaz em 1985.

Abel também dirigiu Botafogo, Rio Ave, de Portugal, Santa Cruz, Inter, Famalicão, Belenense, também de Portugal, Vasco, Guarani, Athletico Paranaense, Bahia, Coritiba, Marseille, da França, Atlético-MG, Flamengo, entre outros.

O reencontro com o Flu, no entanto, demorou cerca de 30 anos. Em 2005, Abel Braga era apresentado pela primeira vez como técnico tricolor. Logo em sua primeira passagem, o treinador conquistou o Campeonato Carioca, mas ficou marcado pelo vice da Copa do Brasil para o Paulista e por não ter conseguido classificar o clube para a Copa Libertadores da América.

Depois de conquistar o principal torneio da América do Sul e o Mundial pelo Inter, além de uma passagem pelo Al Jazira, dos Emirados Árabes Unidos, Abelão retornou a Laranjeiras em meados de 2011. No ano seguinte, viveu o ápice como técnico do clube ao conquistar mais um Carioca e o tetra do Brasileirão.

Abel Braga na comemoração do título de 2012
Abel comandou o Flu em sua melhor campanha do Fluminense na Era dos pontos corridos. O Tricolor somou 77 pontos e conquistou o título com quatro rodadas de antecedência (Foto: Reprodução/Fluminense FC)

Aposentadoria como segundo técnico que mais comandou o Flu

Depois de ser demitido em 2013, Abel Braga retornou para mais uma passagem pelo Tricolor entre 2017 e 2018. Em 2017, aliás, o treinador sofreu um grande baque ao perder o filho mais novo, João Pedro, em um acidente em casa.

Abel Braga após a perda do filho
A torcida do Flu prestou homenagens a Abel e o filho na primeira partida em casa após o acidente (Foto: Reprodução/Fluminense FC)

Mas ainda havia tempo para última passagem neste ano, quando conquistou o Campeonato Carioca diante do arquirrival Flamengo, último título antes da aposentadoria. Ao todo, Abelão comandou o Fluminense em 354 jogos, ficando atrás só de Zezé Moreira com 474. Enquanto o uruguaio Ondino Viera (266), Renato Gaúcho (202) e Tim (166) completam o top5.

Recentemente, o agora ex-treinador foi homenageado pelo clube, que nomeou o campo número 2 do CT Carlos Castilho com o seu nome.

“Essa foi muito forte para mim. Já foi forte chegar aqui hoje e reencontrar meu amigo e presidente, todos os jogadores, funcionários… fomos campeões juntos, é uma relação muito forte. Encontrei o pessoal da comissão técnica, meu parceiro e ex-jogador Fernando Diniz, o Marcão também. Ver todo mundo já é emocionante, eu estava entrando aqui outro dia como treinador do clube. Mas isso aqui, essa placa, eterniza ainda mais esse clube dentro do meu coração. Isso não tem preço, nunca recebi uma homenagem como essa. Agradeço de coração ao presidente, aos amigos. Já falei algumas vezes do que esse clube representa, o Fluminense velou meu filho, teve aquele minuto de silêncio e agora isso. Eu sou supersticioso e só fazia trabalho tático no campo 2, olha só a ironia. Obrigado de coração”, disse o treinador durante a cerimônia.

ST

 


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Lucas Meireles

Jornalista formado pela UFRRJ, apaixonado por esportes e pelas boas histórias.