“Novela Miguel” – novos elementos vêm à tona: ação contra o Vasco; tentativa frustrada de ir para o Flamengo; insatisfação com a CBF…

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Miguel acionou o Fluminense na justiça do trabalho requerendo uma rescisão unilateral do seu contrato. Alegando atraso de cerca de um ano no pagamento de reajustes salariais que, ainda segundo o próprio, não teriam sido cumpridos pelo Fluminense, mas que estaria previsto em seu contrato, o jovem ainda alega o não recolhimento de cerca de seis parcelas do FGTS. No processo, que corre em segredo de Justiça na 9ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, o clube ainda não foi citado e, por conta disso, ainda não se manifestou sobre o caso. Vale ressaltar que Miguel tem contrato com o Flu até junho de 2022 e que no final do ano já poderá assinar um compromisso com outra equipe, sem gerar qualquer receita aos cofres tricolores.

INÍCIO DE CARREIRA E CHEGADA AO FLU – SAÍDA PARA O VASCO – RETORNO AO FLU

Miguel iniciou sua carreira no Desportiva Capixaba, onde ficou até os 10 anos. Ele foi aprovado em uma “peneira” realizada pelo Fluminense, chegando ao clube em 2003. Na base, conquistou o Campeonato Carioca de 2014, a Gol Cup, a Copa Light, a Copa Metropolitano Sub-14 e a Copa da Amizade Sub-15. Em 2015, o primeiro atrito com o Fluminense, quando o jogador ainda tinha 12 anos – na gestão Peter. O pai do jogador, que gerenciava sozinho a carreira dos dois filhos – Miguel e Gabriel – entendia que seu filho mais velho, Gabriel, também deveria fazer parte da base tricolor, além de outras exigências. Como não teve esse pedido atendido, acabou retirando o filho pródigo do Flu e foi para o Vasco.

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Lá, em 2015, a história se repetiu. Chegando no rival, que era presidido à época por Eurico Miranda – com Álvaro Miranda (diretor da base) e Euriquinho (vice-presidente de futebol) – mais uma vez o pai do jovem jogador teve problemas. Todos no Vasco foram unânimes ao dizer que a relação com José Roberto foi dificílima e suas exigências exageradas. Sem acordo para deixar o clube, os tutores de Miguel acionaram a justiça. Após idas e vindas processuais, a solução encontrada para que o jogador deixasse o clube foi a composição de um acordo, onde o Vasco manteria 30% dos direitos do atleta.

No retorno às Laranjeiras, representantes e os clubes firmaram um documento, hoje anexado no contrato do atleta, com essa composição: 30% Vasco, 10% atleta, 60% Fluminense. Tal documento não é reconhecido pelo pai dele – no Portal da Transparência, consta 90% dos DE do Fluminense e 10% do atleta. Confira o trecho da sentença do processo entre Vasco e Miguel, onde consta a desistência da parte autora – Miguel – com a anuência da parte Ré – Vasco:

100049-89.2017.5.01.0005
PODER JUDICIÁRIO FEDERALJUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 1ª REGIÃO 5ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro
RUA DO LAVRADIO, 132, 1º Andar, CENTRO, RIO DE JANEIRO – RJ – CEP: 20230-070tel: (21) 23805105  –  e.mail: vt05.rj@trt1.jus.br

PROCESSO: 0100049-89.2017.5.01.0005
CLASSE: AÇÃO TRABALHISTA – RITO SUMÁRIO (ALÇADA) (1126)RECLAMANTE: M. S. D. S.RECLAMADO: CLUB DE REGATAS VASCO DA GAMA

SENTENÇA PJe
           Ante a expressa concordância do réu com a desistência da ação manifestada pela parte autora, HOMOLOGO A DESISTÊNCIA REQUERIDA, extinguindo o presente processo sem resolução do mérito, em conformidade com o que dispõe o artigo 485, VIII, do CPC.
Custas pelo Autor, no valor de R$ 20,00 calculados sobre R$1000,00, arbitrados para este fim, dispensado do pagamento.
Retire-se o feito de pauta.
Intimem-se as partes. e arquive-se o feito definitivamente.
É a decisão.
Assinatura
RIO DE JANEIRO, 29 de Novembro de 2017
MONICA DE ALMEIDA RODRIGUES
Juiz do Trabalho Titular

 

Na ocasião, ainda com 16 anos, o jogador não podia firmar vínculos profissionais, só os de bolsas e ajudas de custo. Por conta disso, o acordo entre Flu, Vasco e o pai do atleta foi lavrado em documento para que fosse anexado ao primeiro contrato oficial, o que já foi feito.

No entanto, segundo o UOL, no caminho de volta para Xerém, José Roberto ainda foi procurar o Flamengo. Lá, ele se reuniu com Carlos Noval, à época diretor da base deles, mas não gostou do que ouviu. Os rubro-negros até ofereceram uma proposta salarial mais atraente, mas não cederam em dois pontos, que irritaram o pai do jogador e o fez desistir de levar o filho pródigo à Gávea. Noval não aceitou a imposição de contratar junto Gabriel – ofereceu apenas um período de testes para o irmão mais velho – e não concordou em pular etapas na formação do atleta, o promovendo aos profissionais. Depois dessa reunião, Miguel selou seu retorno ao Flu, que atendeu essas exigências – Gabriel chegou até a formar um a dupla de ataque com Evanílson, no extinto – e famigerado – Flu-Samorim.

DETALHES DO PROCESSO ENTRE VASCO E MIGUEL EM OUTRA MATÉRIA EM BREVE 

Agora, anos depois de ter saído do Fluminense pra ir pro Vasco, de forma conturbada, e de ter acionado o cruzmaltino na justiça pra voltar ao Fluminense, aciona o Fluminense pedindo a rescisão contratual, conforme explicado acima. Isso tudo também se dá, segundo reportagem do GE, pela insatisfação do pai – que é o gestor da carreira do jogador -, José Roberto Lopes, com o pouco aproveitamento do jogador nos profissionais.

A diretoria tricolor, no entanto, entende que o atleta tem as mesmas oportunidades dos demais jogadores do plantel e que a decisão de escalar, ou não, o jogador está sempre nas mãos dos treinadores. Miguel já trabalhou com Fernando Diniz (com quem fez a sua estreia nos profissionais), Oswaldo Oliveira, Marcão, Odair Hellmann e Roger Machado, o atual técnico tricolor.

SELEÇÃO BRASILEIRA

Miguel foi convocado e participou do Sul-Americano Sub-17, no Peru, entre abril e março de 2019, mas não entrou em campo uma única vez. Após a competição, o técnico Guilherme Dalla Déa chegou a convocá-lo para um período de treinos na Granja Comary, em Teresópolis, preparativos para os amistosos contra o Paraguai em julho daquele mesmo ano. Na ocasião, Miguel teve oportunidades de substituir Reinier e chegou a anotar gols. No entanto, pessoas ligadas ao jogador, mais uma vez, entenderam que Miguel não era devidamente valorizado pela comissão técnica da categoria e que merecia mais espaço no grupo. A CBF, por sua vez, entendeu que todos os jogadores estavam sendo analisados da mesma forma e que os critérios de convocação e oportunidades nas equipes eram técnicas – um outro detalhe importante daquela seleção era o fato de Miguel ser de 2003 enquanto a maioria do elenco ser de 2002, um ano mais velhos.

Desta forma, o pai do atleta comunicou à CBF que o filho não mais jogaria pelo Brasil, com a esperança de que fosse convocado para as seleções de Portugal (a exemplo de Marcos Paulo). Na ocasião, ele ainda estava no processo de obtenção da cidadania portuguesa. A intenção, contudo, jamais se realizou e Miguel nunca mais foi convocado para nenhuma das duas seleções.

O FLU SEGUE SEM SER NOTIFICADO

Até o fechamento desta matéria, pelo que apuramos, o Fluminense ainda não foi notificado da ação e não vai se manifestar ainda.

ST

FOTO DE CAPA: Lucas Merçon/FFC

Fonte: Saudações Tricolores/UOL/GE


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