Mudar o nome do Maracanã é mutilar a cultura fluminense. É de envergonhar o próprio Pelé
O transporte no Rio de Janeiro é perfeito. Digno da Suíça, Suécia, Dinamarca e outros tantos países desenvolvidos. Nossa água? É de primeira qualidade! Límpida, transparente, e jorra nas torneiras de todos os cidadãos fluminenses. Segurança pública então?! Sério? Aqui não temos mais que nos preocupar com isso, até mesmo pela política social, atrelada à uma gestão super eficiente de recursos públicos para educação. Nosso sistema de saúde é impecável. Faltam pacientes para tantos leitos esparramados pelo estado. Ora, se está tudo bem, por que não pensarmos em mutilar, ainda mais, um dos maiores patrimônios do Rio de Janeiro?
Obviamente, não se há mais com que se preocupar.
Mudar o nome do Estádio Mário Filho para Edson Arantes do Nascimento é de envergonhar o próprio Rei do Futebol, que ali dentro desfilou todo seu brilhantismo, magia e majestático futebol. É de fazer valer que um jornalista brilhante, de uma geração que não se repetirá jamais, nada tem a representar para nós, os meros mortais brasileiros. É o princípio do fim. Ou, melhor, é a continuidade do fim, da destruição da memória do que já foi, em termos de capacidade, o maior palco de futebol do planeta. Hoje, para muitos, continua sendo por todo seu esplendor.
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Quantas foram as crônicas que deliciavam os leitores na época – e até hoje -, muitas justamente sobre o Rei do Futebol? Quantos textos, artigos, livros escritos pela luzidia mente de Mário que regozijaram inúmeros e estupefatos leitores? Se fossemos um país sério, essa herança cultural seria levada a sério. E muito. Seu legado seria amplamente divulgado; escolas ganhariam seu nome, assim como os de seus companheiros e colegas de época. Mas não. Vivemos o caos literário no Brasil, o caos da desinformação e, “coroando” a ignorância, se aprovou um projeto que rebatiza o Estádio Mário Filho – o Maraca de todos os cariocas e brasileiros – para Edson Arantes do Nascimento.
Mais do que o batismo, a questão está na retirada do nome do nosso jornalista. Edson Arantes do Nascimento todos, ou quase todos, sabem quem é, quem foi e o que fez. E ele jogou bola. Já Mário Filho, acredito que poucos sabem quem foi, o que fez e seu legado. Agora, mais ainda apagado da memória da população.
“Dondinho era preto, preta dona Celeste, preta vovó Ambrosina, preto o tio Jorge, pretos Zoca e Maria Lúcia. Como se envergonhar da cor dos pais, da avó que lhe ensinara a rezar, do bom tio Jorge que pegava o ordenado e entregava-o à irmã para inteirar as despesas da casa, dos irmãos que tinha de proteger? A cor dele era igual. Tinha de ser preto. Se não fosse preto não seria Pelé”
De O Negro no Futebol Brasileiro
Mário Filho e Nelson Rodrigues estão para as crônicas esportivas – e o jornalismo – assim como Pelé e Garrincha estão para o futebol. E essa forma de poetizar seus textos era assim:
— O jornal jamais prejudicou minha vida literária. Sempre tive a preocupação de transportar para o jornal o que viria a ser a crônica, o conto e o romance – disse Mário Filho.
Não podemos permitir isso. Não podemos apagar o nome do maior templo do Futebol brasileiro. Não podemos retirar dali o nome do pai da crônica esportiva; o pai da expressão Fla-Flu, que junto com seu irmão Nelson, ajudou a propagar pelo universo.
#vetagovernador
ST