Mário Bittencourt fala sobre a situação do Marcos Paulo

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A novela Marcos Paulo está chegando ao seu final. A torcida já sabe onde será, no Atlético de Madrid, mas ainda anseia por uma compensação maior do que os 500 mil euros (cerca de R$ 3,2 milhões) do “training compensation”, ou “compensação por treinamento”, em português. Com contrato até o meio do ano, agora o Flu quer buscar uma negociação para que o jogador se apresente já nesta janela, de janeiro, e com isso os espanhóis arquem com algum valor maior.

Inicialmente, Mário voltou a abordar a legislação que, segundo seu entendimento, desequilibra a relação dos clubes formadores, como muitos clubes brasileiros, e os clubes compradores:

— Em relação à situação do Marcos Paulo, há cerca de duas ou três semanas atrás, eu dei uma entrevista aqui no Fluminense, explicando não só a situação do Marcos Paulo, mas também a situação de todo o futebol brasileiro. O que acontece agora, é algo que precisamos rever no futebol brasileiro, e já iniciamos conversas com a CBF, em relação aos contratos dos atletas profissionais de futebol. Rapidamente, vou fazer um preâmbulo de como funciona: os atletas menores de 18 anos, só podem assinar um contrato de prazo máximo de 3 anos, pelo que estabelece as normas internacionais da Fifa. Apenas a partir dos 18 anos é que o atleta pode assinar um contrato de no máximo 5 anos. Contudo, toda e qualquer negociação depende da anuência do atleta, pois o mesmo não é obrigado a trabalhar onde não quer. Além disso, quando se inicia uma negociação, a lei determina que o clube (interessado) procure o outro clube (onde o atleta atua) para que seja formalizada uma proposta, mas não existe negociação sem que o atleta aceite se transferir para o clube interessado, e que tenha se acertado com o novo clube. Há a necessidade que o atleta, antes de ser concluída a venda, acerte os valores de seu contrato com o clube novo. Por mais que você queria vender o atleta, mesmo num valor que você ache interessante, o atleta tem que anuir para que haja a transferência. E isso demonstra a todos que a legislação favorece os clubes de maior poderio financeiro, que no caso não são os clubes brasileiros, muito menos, nesse momento, o Fluminense. E é por isso que eu venho insistindo junto à CBF para que possamos conversar, até porque essa é uma demanda de todos os clubes, para que possamos informar, de alguma forma à FIFA, que essa legislação, com um contrato de no máximo 3 anos, antes dos 18 anos, favorece aos clubes europeus, de maior poderio financeiro, o mercado comprador. Nós somos o mercado vendedor.

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Em relação ao caso específico de Marcos Paulo, Mário informou ter procurado o jogador desde o início de 2020, mas o atleta e seu estafe acreditavam sempre em propostas da Europa, que ou não agradaram ou não se confirmaram:

– No caso do Marcos Paulo, ele ainda na gestão anterior, assinou seu primeiro contrato de 3 anos e, ainda na gestão anterior, assinou novo contrato, pouco antes de assumirmos, novamente por 3 anos (até junho/21). Na negociação, acabou ficando com um percentual dos seus direitos econômicos, certamente por exigência e condição de renovação. Quando assumimos, em meados de 2019, o atleta tinha um contrato vigente, já de 3 anos, que se encerrava em junho de 21. E aí, a gente tinha a janela de janeiro de 20, a janela de junho de 20 e a de janeiro de 20/21 e finalmente o término do contrato. Nós chegamos com seis, sete meses para acabar o ano, o clube ali, brigando contra o rebaixamento, nós encerramos o ano. E no início de 2020, tivemos uma conversa com os representantes do atleta, sobre a possibilidade de extensão do vínculo do atleta, mas não houve proposta. Não houve pois era intenção do atleta jogar na Europa, que é um sonho de todo e qualquer atleta jovem. O estafe acreditava que a proposta viria em meados de 2020, portanto o atleta não quis sequer abrir conversas ali, acreditando que vinha uma proposta. Não imaginávamos a pandemia do coronavírus e que, em março, o mundo fosse parar. Mas nós deixamos uma nova conversa marcada, para um futuro ali próximo, mas sem saber que haveria paralisação. O mercado ainda estava aquecido, os empresários garantiam para nós que chegaria uma proposta. Na prática funciona assim, os próprios empresários do atleta vão em busca das propostas, pelo interesse do próprio atleta em sair.  O primeiro contato, não foi uma proposta, foi um clube da Rússia. Na época, falou de um valor, que considerávamos interessante, mas o atleta e seu estafe foram taxativos dizendo que na Rússia ele não jogaria em hipótese alguma, e que nem adiantava abrirmos conversas, pois eles não iriam. Nós seguimos esperando. Por volta de abril ou maio,  ele iniciou conversa com o Lille, da França, e nos avisou e nós autorizamos que negociassem com os franceses. A notícia que estávamos negociando com o Olympique é mentira, alias muito do que se fala hoje em dia é “Fake News”. Chegou a um denominador comum sobre salários. E isso tudo está documentado, em emails, mensagens de Whatsapp. Disseram que o Lille faria uma proposta para o Fluminense, em valores até maiores do que do clube russo, mas essa proposta nunca chegou para nós. Ficamos aguardando entre maio e junho, mas essa proposta não chegou. Depois fomos informados pelos empresários que o Lille fechou com outro atleta da Europa.

SOBRE AS PROPOSTAS DO FLUMINENSE DE RENOVAÇÃO:

– Até aquele momento, não sabíamos que a Fifa estendesse a janela para outubro. E aí sim, procuramos mais uma vez os empresários, no sentido de que, uma vez que não houve o acerto de uma venda na última janela, numa proposta que o atleta havia se acertado com o clube francês, mas não concretizou pois o clube não apresentou proposta ao Fluminense, nós, então, gostaríamos de renovar o contrato por mais 4 anos. Fizemos uma proposta bastante interessante, não falo de valores para preservar o atleta, mas eu diria que era uma proposta, no total do contrato, ele ganharia no total do pacote, com luvas e tudo mais, bem mais que o dobro do que recebe atualmente. Ele ficou de pensar e não nos respondeu. Depois respondeu dizendo que gostaria de aguardar a janela de outubro. Foi se caminhando, a gente insistindo na resposta, e seguindo aguardando a janela de outubro. E aí, dois dias antes de se terminar a janela de outubro, e essa sim é a única proposta oficial que o Fluminense recebeu, a proposta do Torino, que era de 1 milhão de euros por um empréstimo com uma obrigação de compra, no valor de 5 ou 6 milhões de euros. A única proposta oficial. Nós achamos a proposta interessante, até porque o contrato se encaminhava para o final. Ficamos discutindo apenas a questão do em parcelamento. Hoje em dia, dificilmente os clubes europeus pagam à vista, além dos valores muito baixos, devido à pandemia. O que estávamos discutindo era diminuir um pouco o parcelamento, para nos ajudar a sanar os nossos problemas financeiros. A conversa estava evoluindo, quando no último dia da janela, nós fomos informados que haviam desistido das negociações pois contrataram um outro jogador europeu.

SOBRE A PROPOSTA FEITA EM OUTUBRO E A RECUSA DO ATLETA:

— Quando vence a janela de outubro, nós fizemos uma nova proposta ao atleta. E toda proposta que a gente faça, por todo esforço que a gente possa fazer, dentro das condições financeiras que a gente tem, jamais vamos conseguir fazer uma proposta parecida ou semelhante aos clubes europeus. O atleta, mais uma vez, ficou de analisar a proposta e nos responderia. Tivemos uma conversa pessoal, aqui na minha sala, com o atleta, os agentes e a família. Melhoramos a proposta anterior e ficamos aguardando. E um mês depois ele nos disse que não tinha mais interesse em renovar e que iria aguardar uma proposta da Europa.

MOMENTO ATUAL:

– O que existe hoje, para deixar claro, ele já assinou pré-contrato com o Atlético de Madrid, mas ainda tem contrato com o Fluminense. É um pré-contrato das condições que ele irá ter quando ele for para o Atlético. Olha como a legislação é cruel, não tenho nenhuma informação do contrato que ele assinou. Não temos ciência dos termos. O que estamos tentando buscar, e aí com a participação inclusive dos agentes do atleta: estamos tentando que ele vá agora, até por ser um desejo dele ir nessa janela de janeiro, ele ir para a Europa agora, e a gente receba alguma compensação ou algum percentual em venda futura.

A ideia também é receber a training compensation agora, que é algo em torno de 500 mil euros e ficar com percentual para uma venda futura.

ST,

Edu Marques e Pedro Rangel


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