LEONARDO BAGNO – E se escolhêssemos outro caminho?

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Tricolores,

Quando a atual gestão assumiu o Fluminense, um dos primeiros pronunciamentos, senão o primeiro, foi uma declaração do nosso presidente, Pedro Abad, comunicando para todos os participantes do mundo desportivo que o clube estava financeiramente comprometido, que não teria condições de trazer jogadores consagrados e aqueles que porventura se destacassem no clube seriam vendidos para colocar as contas em ordem.

O objetivo desse pronunciamento foi, a meu ver, dois: 1) reconhecer a mentira propalada durante a campanha eleitoral de que, vencendo-a, contrataria um ídolo para o lugar do Fred; e 2) ser sincero – ainda que tarde demais – com a torcida, tentando, dessa forma, ter mais tranquilidade para gerir o clube, sem pressão por parte desta e contando com a sua compreensão.

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Nem preciso entrar no mérito de que, ao se declarar algo com este teor, absolutamente todos os nossos jogadores imediatamente passam a valer menos do que valeriam sem essa confissão. Fazendo um paralelo, tente comprar com desconto um imóvel dos seus sonhos de uma pessoa que não tem o interesse de vendê-lo. Agora, faça a mesma proposta para um proprietário que sabidamente esteja precisando de capital para resolver problemas financeiros. Qual dos dois você acha que venderia seu imóvel por um valor abaixo do mercado? Pois é.

A gestão seguiu o caminho da austeridade financeira: cortar gastos e aumentar receitas. É desnecessário esmiuçar o mérito se cortaram todos os gastos que poderiam cortar ou se conseguiram aumentar as receitas como deveriam aumentar. Por um motivo simples: basta ler as notícias oriundas das Laranjeiras para constatarmos que nem uma nem outra foi feita com sucesso. Temos até hoje gastos que não se justificam. O projeto Flu-Europa é um deles. Um investimento que se iniciou em 2015 e que, até agora, não rendeu um centavo de retorno aos cofres tricolores. Até quando eles pretendem aguardar por um retorno financeiro qualquer que seja? Sobre as receitas, melhor nem comentar. Ou não recebemos o que foi contratado ou vendemos o espaço muito abaixo do que ele vale ou deixamos de fechar contrato que renderia muito mais do que os que escolhemos fechar no seu lugar. Insucesso quase que total.

Não seria a primeira vez.

Bom, chega de reclamar. Vamos ao ponto do texto: esquecer ou desconhecer o tamanho do clube que escolheu para gerir é muito danoso para ele e para a sua própria torcida. Isso porque lá no início existiam dois caminhos que poderiam ser tomados: o conservador e o ousado. Escolheram o conservador. Quem sou eu para criticar? Não estou no dia-a-dia do clube e não conheço detalhes das questões que envolvem a administração do Fluminense. Vamos, portanto, de conservador. Só que eu gostaria de falar um pouco sobre o outro caminho possível: o ousado.

Em janeiro de 2018, havia um clube em Minas Gerais que passava por complicações financeiras. Com dívidas de cerca de R$ 500 milhões (qualquer semelhança com o Fluminense nem é mera coincidência), tudo levava a crer que o clube se desfaria de seus craques para a temporada deste ano. Falo, evidentemente, do Cruzeiro, recém-campeão da Copa do Brasil. O que fez o clube celeste? Vendeu seus craques para ajustar a sua folha salarial e, por conseguinte, suas finanças, seguindo o mesmo camanho escolhido pelo Fluminense? Não, fizeram exatamente o oposto!

Foram ao mercado financeiro e contrataram um empréstimo de R$ 50 milhões. Investiram na contratação de mais craques, dentre eles o nosso ídolo Fred. O objetivo era claro: fortalecer o elenco para disputar e vencer a Copa do Brasil. Por que a Copa do Brasil? Porque a premiação desta competição em 2018 seria – como de fato foi – recorde, recuperando-se não-só o investimento feito, como daria resultado financeiro positivo e ainda – vejam só vocês! – conquistaria o título de uma competição nacional que dá vaga para a maior competição internacional das Américas.

Cruzeiro montou uma constelação de craques, disputou a competição e venceu-a, pela segunda vez consecutiva, levando para casa uma premiação de quase R$ 62 milhões. Não só arrecadaram mais do que pegaram emprestado como sagraram-se campeões da Copa do Brasil, que vem a ser o objetivo de tudo isso!

Fizeram uma campanha com estádio lotado em todos os jogos, gerando receita e ajudando no pagamento da alta folha salarial de seus craques. Chamou a atenção de patrocinadores por causa dos jogadores mais do que consagrados que vestem a camisa celeste que, no final, também ajudou a pagar a alta folha salarial.

Ano que vem, estarão nas Libertadores. A maior competição continental das Américas. Se isso por si só não bastasse, a CONMEBOL estuda dar para o campeão a bagatela de U$ 22 milhões (cerca de R$ 80 milhões). E eles ainda irão disputar a competição com um elenco estelar que já atua junto há quase dois anos! Alguém duvida que o Cruzeiro entra na competição como um dos favoritos?

Senhores, o Fluminense existe para ser campeão. Essa é a sua finalidade. Para isso nós existimos. Esquecer disso nos torna um clube como um de um empresário qualquer, que vê no time um investimento e não a chance de conquistar outro título para a sua já abarrotada sala de troféus, que vem a ser o nosso caso.

Que o Fluminense resista até lá e tenha a sorte de ter sempre ao seu lado pessoas corajosas e com gana de vencer. De todo mundo, todos os jogos.

Saudações Tricolores,

Leonardo Bagno

ACRÉSCIMO DE TEMPO: +2

46min: Amanhã tem jogo. Precisamos dos três pontos para dar-nos tranquilidade para a disputa das quartas-de-final contra o Nacional pela Sul-americana. Precisamos de todos no estádio para empurrar o nosso time. Ele é fraco, mas é o que temos e será com ele que iremos até o final do ano. Hora de estar junto. Não tem jeito.

47min: Quarta teremos o início do confronto do ano! Um jogo encardido para o Fluminense. É futebol e temos totais condições de passarmos para a semifinal da competição. Que Mickey e Adriano Magrão inspirem o nosso querido e folclórico Everaldo. Vamos que é possível!

Siga-me no Twitter: @LeoBagno

E-mails para este coluna: leobagno@saudacoestricolores.com


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