Flúnel do Tempo – o dia em que o Fluminense calou São Januário

Há 20 anos, Fluminense e Vasco se enfrentaram pelas oitavas de final da Copa do Brasil. Após empate em 1 a 1 no Maracanã, a vaga às quartas seria decidida em São Januário. O Vasco, campeão brasileiro três anos antes, da Libertadores há dois e que viria a conquistar seu quarto título nacional naquele ano, além da Copa Mercosul, tinha pela frente o clássico diante de um Fluminense campeão da Série C no ano anterior.

Todo esse contexto bastou para que Eurico Miranda, folclórico mandatário do clube cruzmaltino, declarasse que multaria seus jogadores em caso de eliminação diante do Tricolor. O ex-presidente só não contava que um canhotinho de apenas 21 anos tivesse, naquela noite, uma das melhores atuações individuais de sua carreira.

Copa do Brasil de 2000, jogo de volta, São Januário

Se o Vasco tinha Jorginho, Felipe, Edmundo e Viola – além dos ausentes Romário, Juninho Pernambucano, Junior Baiano e Mauro Galvão – o Fluminense tinha Roger. Antes do apito inicial, o Maradoninha (apelido dado ao jogador por Carlos Alberto Parreira) profetizou: “Sair daqui com o Fluzão classificado”. E saiu.

Logo no primeiro minuto de jogo, o camisa 10 dominou um cruzamento vindo pela esquerda e a bola sobrou para Magno Alves, que abriu o placar para o Fluminense. No segundo tempo, mais uma vez apareceu o talento do garoto. Após jogada individual pela direita, a bola que saiu dos pés de Roger encobriu goleiro e zagueiro vascaínos e encontrou a cabeça de Agnaldo, já com o gol vazio. Dois a zero.

O Vasco até reagiu e chegou ao empate, mas o resultado garantia o Fluminense nas quartas de final da Copa do Brasil daquele ano. Do banco, Romário apenas assistiu a tomada do trono de São Januário pelo Maradoninha tricolor. O estádio da colina teve, por uma noite, um novo rei.

Na saída de campo, Roger, já sem a camisa 10, gritou aos repórteres que estavam à beira do gramado: “Isso é para mostrar que o Fluminense é grande! É maior do que muita coisa que eles pensam! Tem que respeitar a gente!”. Às declarações de Eurico Miranda no pré-jogo, resposta dada fora e, principalmente, dentro de campo.

Escalações das equipes na partida

FLUMINENSE: Zetti; Paulo César, César, Régis e Jorge Luiz; Fabinho, Donizete (Roberto Brum), Roger e Yan; Magno Alves (Jorginho) e Agnaldo (Luciano)

Técnico: Valdir Espinosa

VASCO: Helton; Paulo Miranda (Filipe Alvim), Odvan, Torres e Gilberto; Nasa (Dedé), Amaral, Jorginho (Alex Oliveira) e Felipe; Edmundo e Viola

Técnico: Abel Braga*

 

* O técnico entregou o cargo após a eliminação.