Série ídolos: Castilho, sem mais.
A Fox Sports, nas suas redes sociais, promove enquete sobre os maiores ídolos dos clubes brasileiros. Votei e vi que Fred está em primeiro. Ele é ídolo sim, mas vamos lá, o Fluminense não começou em 2009, né?
Venho então abrir mão do meu direito ao voto secreto pra falar do grande ídolo que dá nome ao nosso CT: Carlos José de Castilho.
O atleta com o maior número de jogos pelo Flu – 697! – e titular absoluto por quase 20 anos! Defendeu a meta tricolor de 1947 à 1965, conquistando três vezes o Carioca (1951/59/64), o Torneio Municipal de 1948, o Torneio Rio-São Paulo em 1957 e 1960, e por último, mas não menos importante, a Copa Rio em 1952. Pela seleção, esteve nas conquistas das Copas de 1958 e 1962, além de ser titular em 1954. O curioso dessa Copa é que os dois goleiros, titular e reserva – Veludo -, eram tricolores.
Você conhece nosso canal no Youtube? Clique e se inscreva! Siga também no Instagram
Por conta de sua sorte, foi apelidado de “leiteria”. Dizia Nelson Rodrigues que Castilho fazia defesas sobrenaturais, mas que, claro, contava também com alguma sorte, um mínimo de sorte, que não faz mal a ninguém*. Em confronto contra o América, pelo Carioca de 1958, as balizas tricolores defenderam talvez até mais que o goleiro, salvando-nos em quatro oportunidades. Torcedores americanos, que já deviam remoer cada quebra de superstição do passado, assistiam à volta da leiteria*², que se confirmaria com a conquista do título no ano seguinte, encerrando um breve jejum de estaduais.
Mas a grande verdade, nas palavras do nosso profeta era essa:
O que chamam de leiteria tem outro nome. É classe, amigos, é categoria.*
Disse ainda que a bola procurava nosso arqueiro e ia se aninhar, direitinho, nos seus braços*. Para o adversário, era onipresente.
Em 1952, Castilho foi um dos destaques da conquista do Mundial. Na fase de classificação do torneio, as redes tricolores estiveram intactas, nem de pênalti o Grasshopper conseguiu por a bola na rede.
A ainda vão dizer que foi sorte? Nos poupe! Sorte coisa nenhuma.
Ficou famoso na história como o jogador que doou o dedo pelo Fluminense. Como é praxe na vida de um goleiro, volta e meia fraturava os dedos. Seu dedinho foi a maior vítima e, por causa da rotina de jogos e treinos, não tratava a lesão, que era recorrente e piorava. O incomodo era tanto que, em certa ida ao departamento médico, ouviu que para melhorar, deveria tirar um tempo e cuidar do ossinho quebrado.
Que nada!
Em 1957, em um ato de loucura que somente um apaixonado é capaz, Castilho escolhe amputar parte dedo que lhe incomodava e atrapalhava o rendimento. Quinze dias depois já voltava a defender nossa armadura.
Isso sim é prova de amor, não aceitemos menos que isso!
Além de atleta, treinou o Santos, o Vitória e o Operário Futebol Clube.
Perdemos nosso ídolo em 1987, em episódio trágico que acreditam ser consequência de uma depressão.
ST
*A Falsa Leiteria, Jornal dos Sports, 1960.
*² A Volta da Leiteria, Manchete Esportiva, 1958