Saudações avalia o protocolo “Jogo Seguro” da FFERJ
A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ) fez um protocolo de recomendações médicas para a volta do futebol. O presidente da instituição, Rubens Lopes, criou uma Comissão Médica Especial Temporária para lidar com as questões sobre o COVID-19. Essa Comissão debateu e compilou as sugestões feitas pelos Departamentos Médicos de cada clube da Série A do Rio de Janeiro, e criou, conjuntamente, o protocolo de segurança para o retorno ao futebol, batizado de “Jogo Seguro”.
O protocolo só será homologado após parecer positivo dos órgãos governamentais – Ministério da Saúde; Secretarias Estaduais de Saúde; e Secretarias Municipais de Saúde. A orientação do trabalho da Comissão foi baseada em estudos de outros países, e Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
A comissão foi formada por chefes de departamentos médicos dos clubes afiliados à FERJ, que após diversas reuniões virtuais, apresentaram a versão final, assinada por todos, que foi submetida à aprovação dos órgãos governamentais.
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Mas e o que muda, na realidade estrutural dos clubes, com as novas exigências – lembrando que hoje os governantes estenderam o isolamentos social até 11 de maio – governo estadual – e 15 de maio -municipal. Ainda assim, nossa reportagem teve acesso ao documento e traz alguns pontos importantes para conhecimento da torcida tricolor.
Hoje, o futebol tricolor é composto por:
- 33 jogadores;
- 33 membros da comissão técnica;
- 3 membros da Diretoria;
- 13 membros do Departamento Médico;
- Além de outros que atuam nos bastidores.
Isso representa em média cerca de 90 pessoas trabalhando diariamente no futebol masculino do Fluminense. E o clube tem que garantir a segurança de todos, de acordo com o documento que passa a exigir cuidados específicos.
Compra excessiva de materiais de higiene pessoal
Basicamente, o clube deverá fazer estoques de Álcool à 70% e em gel, desinfetantes, máscaras cirúrgicas, luvas, etc
Ficou estabelecido que os clubes devem realizar testes rápidos em todos os atletas, comissão técnica e staff envolvidos no jogo.
O Fluminense precisará adquirir uma grande quantidade de testes, já que é necessário testar os jogadores, a comissão, o departamento médico e quem vive com todas essas pessoas. Os primeiros testes deverão ser feitos 7 dias antes da volta dos treinos. É o panorama inicial de imunidade do grupo. 72h antes do início do treino, deverá ser feito o 2º teste. Objetiva-se, nessa segunda testagem, identificar os falsos negativos ou novos infectados. Os testes serão refeitos no início das competições.
Em caso de alguém estar infectado, a pessoa deverá ir para casa e ficar 15 dias em quarentena, sendo acompanhada à distância pelos médicos do clube. Além disso, a FFERJ e os órgãos competentes deverão ser informados.
Imunizados: Quem testar IgG positivo com IgM negativo. Poderão trabalhar em grupo único com bola.
Os treinos devem ser feitos de forma a isolar ao máximo os integrantes
O clube conta com 2 campos em perfeito funcionamento no CT e isso não deverá ser problema. As obras do terceiro campo avançavam normalmente, e o mesmo deveria ser concluído até o final de abril. Contudo, e evidentemente, por conta da pandemia, as obras estão paralisadas.
Locomoção individual
Jogadores e staff devem chegar ao CT sozinhos, em seus carros, com vagas determinadas para cada 1. Não será possível dar a famosa “carona” para colegas de trabalho. Isso afeta os jogadores, que muitas vezes moram próximos e combinam de irem juntos ao CT, mas impacta de forma mais importante o staff, que geralmente vem sempre com mais pessoas nos carros.
Como o estacionamento é aberto facilita a vida dos jogadores. Além disso, o caminho até o campo também é aberto. Todos devem estar prontos para o treino e lavar as roupas em casa. Ou seja, é chegar de casa, ir direto ao campo e, quando acabar o treino, retornar para casa sem banho. Os uniformes de treino também ficariam a cargo de cada jogador. Ou seja, cada um lavaria a roupa suja em sua própria casa.
Nos dias de jogos, o procedimento é parecido. Cada jogador deverá ir com seu carro pessoal até o estádio. Se for necessário o uso de ônibus, o mesmo deve ser higienizado antes e depois do uso, com 2 fileiras de espaçamento por pessoa. Todos com máscara e passando álcool gel ao entrar e sair.
Nos casos dos clubes do Rio, e com jogadores com salários maiores, não seria grande problema. Contudo, tal medida impactaria absurdamente os clubes de menor expressão, pois seus jogaores – pelo menos na sua grande maioria – recebem salários mais baixos, muitos deles não tem carro e o clube, para seguir o protocolo, teria que alugar de 3 a 4 ônibus para conseguir levar uma delegação pequena, com cerca de 50 pessoas – o que caberia num só ônibus.
Isso elevaria o custo dos clubes na locação de veículos, além de maiores preocupações para a logística e translado. A questão de hotelaria, ponto não destacado no protocolo, também pode elevar os custos dos clubes à uma realidade astronômica. Pois se há exigências de distanciamento dentro dos ônibus, subentende-se que cada membro da delegação, seja ele atleta ou não, deverá ocupar um quarto individual.
Vestiários, Rouparia e Lavanderia
Os vestiários deverão ser evitados no começo, a todo custo. Entretanto, se houver necessidade, esses lugares devem ser higienizados antes e depois do uso, restringido o número de pessoas presentes nos locais. Quanto ao pessoal de apoio, será necessário uso de máscaras e luvas, por exemplo, pelos profissionais da lavanderia/rouparia. Além de álcool gel, em abundância, à disposição de todos.
Outros profissionais, como seguranças, artífices e outros que fazem parte do dia a dia, será exigido o uso de máscaras e limitado o número destes profissionais em locais fechados.
Fisioterapia
Todos com máscaras e luvas. Os clubes devem priorizar os casos de lesão e pós-operatórios, sem usar de contato manual entre fisioterapeuta/jogador. O paciente não poderá trocar de maca.
Academia
Fechadas. Priorizar o ambiente externo para exercícios físicos.
Departamento Médico
Ar desligado, janela aberta, 1 paciente por vez.
Treinos
Deverão ser realizados sempre nos campos, abertos, com pequenos grupós de atletas, mantendo um distanciamento mínimo entre si e com os profissionais da comissão técnica usando máscaras e luvas;
O documento deixa claro que o futebol só irá voltar com a liberação das autoridades competentes, mesmo que ainda não tenha uma cura para o COVID-19. Além disso, deixa alguns pontos sem esclarecimento, como a questão da hotelaria – o Fluminense não faz mais concentração, mas outros times fazem. Com os gastos dos clubes subindo exponencialmente, a FFERJ também não se manifestou sobre uma possível ajuda financeira aos clubes…
A nós, resta aguardar uma cura. E o parecer das autoridades.
ST!