A covardia seletiva

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Ontem a noite foi noticiado que o TJD-RJ denunciou o Fluminense devido aos gritos de “time assassino” no clássico contra o Flamengo. Enquanto o processo de indenização se arrasta, com o clube rival recorrendo de toda e qualquer decisão favorável as famílias, a Justiça se ocupa em denunciar quem não tem “nada a ver” com a história. Sim, foram torcedores do Fluminense que cantaram. Mas qual culpa o Fluminense, como instituição, tem nisso? Nenhuma!

É possível controlar a paixão de torcedor? Todos sabemos que na maioria das vezes, não. Então até quando se tentará, no Brasil, punir o todo pela parte? É de praxe. Deu briga? Proíbe a cerveja! Só pode torcida única! Cânticos racistas? Pune a torcida!  De verdade, até quando? As pessoas só aprendem quando sentem na pele. Há tecnologia mais do que suficiente para se identificar quem fez o quê. Quem for enquadrado, não entra no Estádio por um período X, tendo que se apresentar em alguma delegacia em dia de jogo. Difícil? Nem um pouco! Mas ainda prevalece uma lógica que não eu sei muito bom porque existe – e qual a lógica dessa lógica inoperante.

O Flu bizarramente foi enquadrado no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), por “praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. Engraçado, pois em todo Fla-Flu escuta-se uma música dizendo que “tricolor viado passa maquiagem (…)”. Nunca houve um manifesto da grande imprensa sobre essa questão.  Pouco se falou quando foi a torcida vascaína cantando a mesma coisa no ano passado. Pouco se falou quando a própria torcida rubro-negra “torceu” pela morte de Ricardo Gomes durante um clássico.  E provavelmente não vai ter uma nota na imprensa, mesmo em tempos de discussão e ações dos clubes contra homofobia no futebol.

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Foi errado da parte da torcida? Foi. Mas a rivalidade vai sempre, por mais feio que seja,  explorar os pontos fracos dos adversários. Nós conhecemos muito bem os nossos gatilhos e sabemos o que nos incomoda. A diferença para a torcida do Flamengo, ao meu ver, está aí. Com o supertime que tem, eles não parecem nem um pouco incomodados com a questão dos garotos, que foram negligenciados e acabaram perdendo a vida. Até teve alguma manifestação aqui e ali, mas nunca foi uma coisa veemente, com força. E isso quer dizer muita coisa. Vale lembrar que a prefeitura notificou o Flamengo por nada mais nada menos 30x  por falta de alvará. E a área que pegou fogo era prevista para ser um estacionamento. (https://www.gazetaesportiva.com/times/flamengo/prefeitura-diz-que-multou-flamengo-quase-30-vezes-por-falta-de-alvara/)

A justiça deveria olhar ao que importa. E não perseguir X ou Y. Apesar disso, seguimos! Acho bem difícil perdemos os 3 pontos no Carioca, até porque temos o Mário, um dos melhores profissionais sobre Direito Esportivo no mercado, para nos orientar/ajudar no tribunal. Seguimos!

PS: Hoje é dia de Copa e todos os caminhos levam ao Mário Filho!

ST


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