“Não se apresse em perdoar. A misericórdia também corrompe.”
Allan conquistou a torcida tricolor na mesma velocidade em que a decepcionou. Talvez a decepção tenha vindo mais rápido, pois chegou em pouco mais de dois dias. E por volta da meia-noite. Ele, com um futebol moderno, e sobretudo por seu carisma, foi ganhando espaço com Diniz e cresceu muito, num meio de campo formado junto com Ganso e Daniel. Alias, me perdoem os que pensam em contrário, Ganso foi o mentor desse meio e fez os dois companheiros se destacarem no ano de 2019. Pronto, falei. Mas o assunto não é o Ganso, e sim o cara que deixou o Flu pela latrina – porta dos fundos é pouco.
Todos se emocionaram quando assistiram sua entrevista ao Globo Esporte, onde ele falava em depressão, em que pensou em desistir de tudo e como o Fluminense o resgatou, no momento mais delicado de sua vida. Lembra?
– A vontade era de ficar todos os dias em casa. Dormir, comer… A rotina era essa. Não tinha vontade de ir para o clube. Não tinha vontade de treinar. Se eu estivesse morando sozinho, seria pior. Eu não teria ninguém pra desabafar. A Jordana (esposa) foi uma guerreira. Segurou tudo – e seguiu – Eu tenho um carinho enorme por todas as pessoas que trabalham no clube. O Diniz foi o cara que fez eu retomar meu futebol, minha alegria. O Paulo é o cara que sempre me dá dica, que mostra o caminho certo.
Você conhece nosso canal no Youtube? Clique e se inscreva! Siga também no Instagram
Ainda teve o depoimento, imagina-se, também emocionado de sua esposa, quando saiu sua convocação para a seleção olímpica:
https://www.instagram.com/p/B1Ox5BsnyM9/?utm_source=ig_embed
Obrigada ao Fluminense, Diniz, a cada torcedor tricolor e aos colegas de trabalho do Allan por ter ajudado ele a retomar a alegria e confiança dentro do campo. Minha gratidão eterna!(destaque nosso, retirado do texto acima)
E o Flu fez de tudo para manter o jogador, que sempre disse, aos quatro ventos, que seu desejo era ficar. Em diversos momentos ouvimos o volante dizer: “Já falei que por mim eu fico”; “Sou feliz aqui e quero ficar”; “O Fluminense me ajudou quando eu mais precisava. Sou grato a todos e meu desejo é de permanecer”.
Mas que gratidão! Ele viu o Flu se esforçar e, de maneira hercúlea, lutar por sua permanência até o último segundo e ele simplesmente…. SOME. Não é o fato dele ter acertado com o Atlético-MG que mais me impressiona não. Longe disso. A carreira é dele, ele faz com ela o que quiser. Inclusive encerrar, se transferir para outro clube… a responsabilidade é dele. Mas sumir? Isso lá é atitude de um cara grato? Pombas, se não é atitude PROFISSIONAL, quanto mais de um cara que diz que o Fluminense significa, ou significou, tanto na sua vida. O cara ficou sem falar com a diretoria do clube até aparecer com a camisa do Atlético nas redes sociais. Atitude abominável.
Bastava ele avisar ao Mário, ou ao Angioni – figura que ele mesmo fez questão de agradecer, em público, por algumas vezes – que desejava seguir seu rumo. Pronto. Acabaria ali a novela, toda as questões envolvendo sua transferência. Mas, não. Ele deixou o Flu se esforçar até o final, lutar por sua contratação. Sabedor das condições financeiras do clube e todo o resto. Mas, agora é passado.
O que ele não entendeu, pelo menos ainda, é que a chance de ser ídolo num clube com a expressão do Fluminense é rara, e é para os raros. A galera já estava o elevando à posição de Deco, Fred, Conca (só para falar nos mais recentes) e tantos outros, com passagens marcantes e títulos. Isso é perda-total, impossível de se recuperar. Ele conseguiu sair pela latrina, pelo esgoto, onde os ratos evacuam. Nada mais lamentável.
Talvez a maturidade não seja o seu forte; talvez seus empresários tenham forçado a barra; talvez tivesse assinado algum contrato, e só depois a proposta do Flu foi aceita. Mas, repita-se: NADA JUSTIFICA sumir e deixar o clube, que ele diz ter tanta gratidão, sem qualquer posição. E o anuncio, de sua ida para o atlético, ainda foi meio que covarde pela hora que foi. Beirando a meia-noite, talvez. Bom, à essa altura, nada mais espanta os tricolores.
Despeço-me, novamente, me valendo de Nelson Rodrigues (sempre ele): “Não se apresse em perdoar. A misericórdia também corrompe.”
E lembrando a todos: “O Fluminense nasceu com a vocação da eternidade…tudo pode passar…só o TRICOLOR não passará jamais.”
Não desejo mal ao jogador. Apenas não desejo mais nada.
ST
Washington de Assis