Estandarte de paixão
O que vem fazendo nossa torcida nestes últimos dias é indescritível. Uma atitude imensurável, espontânea e apaixonada. Em cerca de uma semana tivemos mais de mil adesões ao sócio-futebol, dispensando quaisquer demais comentários a respeito, porque esse movimento fala por si só. No entanto, é no embalo dessa comoção que venho propor o seguinte questionamento: até que ponto a torcida seguirá abraçando o clube incondicionalmente?
Desde o título nacional não atuamos expressivamente em nenhum campeonato. Com exceção de 2014, lutamos na parte de baixo da tabela do Brasileirão em todos os outros anos. Entrou gestão e saiu gestão, trocou o elenco, trocou a diretoria, e pode ter trocado até a equipe de limpeza, mas seguimos na mesma mediocridade no que diz respeito aos resultados alcançados – com todo respeito ao título da Primeira Liga (qualquer que seja ele). A única coisa que não mudou nestes anos foi a torcida do Fluminense. Nós sempre estivemos lá. Às vezes em maior, às vezes em menor número; desde o ano do tetra, nossa maior média foi em 2014, quando ficamos em torno dos 18 mil e a menor, em 2016, por volta de 9 mil.
Repetidamente, jogo após jogo e em diversas declarações – principalmente após as derrotas (e principalmente após aquelas que deixam o torcedor louco de raiva) -, nossa diretoria e jogadores frisam a importância da torcida comparecer ao Maracanã, apoiar o time e aderir ao sócio. No entanto, o que seria um convite ou uma convocação, passa a ser quase que uma transferência de responsabilidade. Isso porque a torcida já vem cumprindo boa parte do que lhe cabe. Não a toa, mesmo em um ano sem grandes perspectivas de título, nossa média de público está na casa dos 17 mil, e, em 2018, um ano péssimo e sem qualquer esperança de conquistas, a média foi aproximadamente 14 mil.
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Poderia ser melhor? Claro.
Mas aí volto a questionar: o que acontece em uma relação em que uma parte se doa e a outra não corresponde?
Desgasta, cansa. Há anos não sentimos o gosto de um título ou sequer de uma boa campanha. Cansa. É obvio que a torcida é essencial em todos os sentidos, mas também é essencial que o lado de lá (e me refiro tanto ao time quanto à diretoria) corresponda, demonstre que, pelo menos, está correndo atrás do prejuízo. Não precisa de muito para trazer o torcedor, basta uma faísca de reação, algo que nos faça acreditar em um futuro menos caótico e mais vitorioso.
O torcedor precisa ser estimulado, mimado, tratado como quem é: a razão de ser e existir do Fluminense.
Assim, retomando a primeira indagação, repiso a urgência de mudança no Flu. É bem verdade que já começamos a sentir o calor daquela faísca, mas agora precisamos de mais, queremos o incêndio. Essa mobilização não é só um voto de confiança, são mais de mil. São dezenas de milhares de torcedores que decidiram que a torcida não será mais “só” o coração do Fluminense, será seu corpo, sua bengala, seu motor. Estaremos da ponta da chuteira de cada jogador à braçadeira de capitão.
Faremos acontecer se eles também fizerem.
Estaremos sempre lá. Nós, e nosso “imperecível estandarte de paixão”.
ST.