Entre a Cruz e a Espada…

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Muitos tricolores debatem nas redes sociais sobre o futuro de Fernando Diniz. Enquanto uns pregam sua saída imediata, outros ainda acreditam que a metodologia do trabalho dele é a mais indicada para o elenco tricolor. E aí a discussão vai longe. São números ruins (como a pior defesa do campeonato, por exemplo) X números bons (campanha na Sula, por exemplo). Mas, mesmo os que não se entendem sobre a permanência ou não do treinador, concordam quando falam sobre a necessidade de reforços chegarem para o restante da temporada. Ai, outro assunto ganha a crista da onda tricolor: a necessidade de um zagueiro…

Mas a discussão, tricolores, precisa ultrapassar essa linha incômoda das “headlines”, das manchetes e desses perfis rasos que adoram um circo. Vamos tentar trazer mais informações aqui, para que a galera forme melhor sua opinião:

Começando pelas contratações e possíveis reforços:

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O poder de contratação do Flu no mercado é perto de zero. Ou a diretoria compromete alguma joia tricolor – como Marcos Paulo, Miguel, Calegari, Luan ou os mais novos da base – ou não se tem dinheiro para trazer ninguém de peso. Ou seja, a criatividade significa que o Flu tem que procurar jogadores que venham de graça, que aceitem salários dentro da realidade do clube. E só pode trazer mais um nome da Série A do campeonato. Sim, existe essa limitação, prevista no artigo 11, parágrafo único, do Regulamento Específico da Competição:

“Art. 11 – Um atleta poderá, após o início do Campeonato, se transferir para outro clube da
Série A, desde que tenha atuado em um número máximo de 6 (seis) partidas pelo clube de
origem, sendo permitido que cada atleta mude de clube apenas uma vez.

Parágrafo único – Uma vez iniciado o Campeonato, cada clube poderá receber até 5 (cinco)
atletas transferidos de outros clubes da Série A; de um mesmo clube da Série A, somente
poderá receber até 3 (três) atletas”.

Já chegaram ao Flu: Brenner (maio/2019, São Paulo), Guilherme (maio/2019, Bahia), Yuri (maio/2019, Santos) e Nenê (julho/2019, São Paulo). Ou seja, da série A, o Flu só pode trazer mais um jogador e, pelo que apuramos, essa vaga está destinada a um zagueiro.

E nesse caso, basta que o jogador figure entre os 40-45 de um elenco profissional no BID da CBF que já conta como jogador de Série A. Mesmo que não entre em campo ou até mesmo que não seja relacionado para nenhum jogo. Se estiver na lista, conta como jogador da Série A.

A dupla Mário/Celso, e Paulo Angioni, ainda trouxeram Muriel, Wellington Nem, Nenê (citado acima) e Lucão, para reforçar o elenco, dentro dessas possibilidades acima. Ou seja, sem custos e com vencimentos dentro da realidade tricolor. Agora o esforço está em buscar um zagueiro que possa chegar e fazer a diferença para o treinador e para a torcida.

Dívidas que dificultam a missão:

O Flu estava desgovernado. Não se sabia, ao certo, quantos processos existiam e quantos já estavam em fase de execução – a fase onde as penhoras são deferidas. Com uma dívida crescente e absurda, o próprio presidente em coletiva falou o seguinte: “Fora do Ato Trabalhista, temos umas 200 ações trabalhistas. E umas outras 100 cíveis. Isso tudo representa uns R$ 300 milhões, valores aproximados”. Ou seja, uma verdadeira chuva de penhoras sufocando o fluxo de caixa tricolor. Mário sabia disso, nós sabíamos disso, e sabíamos que seria dessa forma. Mesmo se Tenório tivesse ganho a presidência, seria da mesma forma. Não tem escapatória.

Isso tudo porque a saída de Pedro Abad da presidência tricolor representou para a torcida um marco importante, o da saída de um grupo que político que conduziu o Fluminense ao caos que estamos. Mas esse marco foi só no simbolismo mesmo. Abad deixou o clube no dia 10 de junho de 2019, entregando a cadeira presidencial há dois meses atrás. mas não carregou consigo os problemas que sua gestão criaram e não souberam gerir. Todos eles permaneceram no Flu, assim como a crise financeira que chega à beira do caos. Passou o bastão com o elenco com dois meses de salários atrasados, e menos de um mês para completar o 3° mês.

Elenco:

O Flu iniciou o ano com muitas contratações e, ao longo do primeiro semestre, foi dispensando jogadores que ou não se adequaram, ou perderam oportunidades com Diniz, ou foram negociados. Ibanez, Nathan Ribeiro, Paulo Ricardo, Ezequiel, Matheus Gonçalves, Matheus Alessandro, Calazans, Luciano, Everaldo, Marlon…. Outros foram chegando e uns com mais outros com menos oportunidades: Guilherme, Kelvin, Ewandro, Brenner, Leo Arthur, Yuri… Agora, a nova diretoria trouxe Muriel, Wellington Nem, Nenê e Lucão. Ainda precisamos de um zagueiro…

A folha salarial do Flu gira na casa dos R$ 3,5 a R$ 4 milhões.

Salários:

Desde que assumiu, a nov diretoria conseguiu quitar 2 meses de quase 3 devidos. Mas hoje o Flu já completou o segundo mês de salários atrasados, desde o 5° dia útil desse mês de agosto. A diretoria espera, novamente, quitar parte até amanhã, com chances de uma quitação total até o final dessa semana (leia mais aqui ). Um outro dificultador encontrado por todos. Apesar dessa situação incômoda, o clima no grupo é de tranquilidade e de descontração. Percebemos que os que ali estão, querem muito tirar o Flu dessa situação e morder esse título da Sul-Americana.

Mário e Celso:

Mário e Celso estão há dois meses à frente do Fluminense. Muitos começam a cobrar da diretoria algumas promessas de campanha, como a questão do sócio-futebol, dos patrocinadores (alguns já até vieram – Cash Bet e o Azeite Royal) e definição do novo fornecedor de material esportivo. Alguns já entendem que tiveram tempo suficiente para atuarem de forma mais efetiva e apresentarem resultados mais expressivos. Outros entendem que nesses primeiros meses a ordem foi de ajeitar a casa e colocar as coisas mais claras, para saberem onde o Flu está – sobretudo na questão dos processos e penhoras, para começar o processo de resgate.

Mas o ponto é que querendo ou não, aceitando ou não, nossa realidade é essa: hoje somos um clube sem poder de investimento (lamentável essa situação) e que vem querendo sair de um buraco negro causado por essa hecatombe de processos e penhoras, que sugam a vida financeira do clube. E nos encontramos no cerne da questão: apoiar ou não apoiar o Flu.

Estamos, literalmente, entre a Cruz e a Espada. Ou a torcida continua esse processo de mobilização, se associa e continua comparecendo aos estádios, ou a situação poderá até piorar. Ou seja, ou vamos à luta ou sucumbimos inertes…

Nós somos Fluminense, e o Fluminense precisa de nós.

E você? O que pensa?

 

 


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