25 de junho de 1995

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Fala Torcida Tricolor, há 25 anos atrás eu estava lá, o seu amigo Barba FLU viveu aquele dia intensamente e digo para vocês foi um dos dias mais sensacionais e controversos da minha vida, várias coisas aconteceram nesse final de semana e claro que todas estavam envolvidas ao nosso amor maior o Fluminense Football Club, e vou contar para vocês hoje, e será uma coluna diferente, mais como uma crônica dos acontecimentos daquele dia, na verdade vou começar um pouco antes, no final do dia anterior.

 

Eu morava em Pilares, zona norte do Rio de Janeiro, onde eu moro agora, voltei para a casa da minha família e namorava um menina que morava no Engenho de Dentro, mas precisamente na Rua Sales Guimarães, bem próximo onde é o Engenhão, meu pai teve um bar lá perto, é lá naquela região era onde morava meus amigos e parceiros de Maracanã, Carlinhos, Serginho, Mico, Mazinho, pai do Mico, tinham mais dois amigos que agora infelizmente eu não me lembro, mas se eu lembrar ou algum amigo me ajudar eu vou editar este texto, nós íamos em quase todos os jogos da época, e nesse jogo todos estávamos bastantes nervosos e ansiosos, torcendo para que o dia de sábado passasse logo, tentamos levar uma vida normal naquela véspera de final, que depois se transformou um dia especial para todos nós Tricolores. O Carlinhos era vizinho da minha ex-namorada e o Serginho morava quase em frente e a noite o Serginho apareceu na rua chamando o Carlinhos e a mim, que ele sabia que eu estava lá, já que meu carro estava parado na porta, e definimos o horário do encontro ali mesmo na rua para irmos antes do jogo, como sabíamos que estaria lotado, nós marcamos mais cedo do que de costume. Depois disso eu não conseguia mais me concentrar no encontro familiar que rolava lá naquela casa todo sábado com direito a pizza caseira da matriarca, minha querida e saudosa D. Augusta, e como a família era portuguesa a maioria era vascaína, mas tinham vários Tricolores na família, que já chegaram perguntando se eu ia ao jogo, eu respondia com a pergunta, o que você acha? Eles falavam é claro que eu sei que você vai, mas conseguiu comprar? Na época a procura foi absurda, e a cada jogo nosso torcida aumentava e a dificuldade de comprar era proporcional. Chegou uma hora eu não conseguia mais me concentrar em nada, eu estava angustiado e falei que eu iria para casa, mais cedo do que o normal, disse que queria dormir cedo para acordar cedo e me preparar para a final.

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Fui para a casa e ao chegar lá, tomei um banho e fui deitar, era aproximadamente um pouco antes das 23h e digo sem medo de errar, deitei e fiquei enrolando para dormir, logo eu que tenho o sono bom, devo ter ido dormir depois da 1h da manhã, e acordei antes das 8h da manhã, sem despertador, algo inconcebível, eu dormiria fácil até o meio-dia, não consegui dormir, meu pai ao me ver acordado falou vai a praia comigo hoje (a mesma frase usada toda a vez que eu acordava no final de semana sem despertador, com chuva ou sol, era ironia), acordou cedo, eu respondi, “Sangue” nem que eu fosse obrigado (Sangue Bom era o apelido carinho que eu dei à ele para brincar com ele e pedir dinheiro, desde a adolescência) ele me perguntou, por causa do jogo? Mas é só a tarde, eu falei, o Senhor sabe que é, não consigo pensar e querer mais nada hoje, só o jogo, marquei com o pessoal 13h lá, mas claro que cheguei antes e fui para a casa da minha namorada (da época) e fiquei esperando a rapaziada chegar, chegou o primeiro e me chamou desci o mais rápido possível, fiquei na rua, já bebi uma cerveja e na época eu nem era tão apreciador como sou hoje, assim que chegaram todos Carlinhos mais do que depressa tirou da garagem o “banheirão do Maracanã” nós íamos no Del Rey branco do pai dele que era um carro muito antigo, já para época e muito confortável que íamos sempre, já que sabíamos que ninguém iria querer roubar o mesmo, colocamos o bandeirão no teto e partimos para o jogo, com o hino Tricolor tocando o mais alto possível no modesto rádio e zoando todo mundo na rua, aquele dia era especial em tudo, paramos no estacionamento da UERJ, e ali já sentíamos a atmosfera do jogo, já ali parava tanto Tricolores como rubro-negros, e a zoação já começa por ali, sempre com respeito e diversão, diferente como é hoje, infelizmente.

 

Fomos para a porta do Maracanã e ficamos lá bebendo, como eu era fraco na época já estava ficando ruim e resolvi partir para Coca-Cola e comi o famoso cachorro quente Geneal que era só um pão minúsculo, uma salsicha idem, com uma sujeira de mostarda bem longe, mas ajudava rsrs. Um calor absurdo e o nervoso, e subimos antes porque já estava muito cheio lá fora, só esperamos mais alguns amigos chegarem e fomos para o nosso lugar na arquibancada, muito próximo de onde eu fico hoje (pilastra 12), a nossa torcida culturalmente sobe tarde, muito próximo ao início do jogo e com isso normalmente chega com o jogo já iniciado, lembro do meu Pai me ensinar isso quando eu tinha 10 anos idade, e até hoje é o mesmo. Subimos antes porque não queríamos perder nenhum detalhe e que festa linda nós fizemos na arquibancada, como sempre né, por isso que somos considerados a torcida mais linda do Brasil e uma das mais lindas do mundo, muito grito e muita disposição, eles tentavam, mesmo sendo em maior número, mas quem viu na TV disse que só ouvia a gente, principalmente na famosa música daquele campeonato (o primeiro 0x0, o segundo 3×1, o terceiro foi 4×3 e essa Porr….. virou freguês) adorava essa música que ainda durou alguns anos.

 

Começamos o jogo melhor, foi meio nervoso, como deveria ser uma decisão de campeonato, e logo abrimo 2×0 vocês não tem ideia de como eu estava eufórico, lógico voltei a beber, o Serginho, o mais velho, amigo do meu Pai, falava Bob (apelido que os amigos do meu Pai nos chamava, Bob pai e Bob filho porque sempre estávamos juntos, é de um desenho da Hanna-Barbera dois cachorros, pai de filho que estão sempre juntos) vai com calma, você não é de beber, mas eu tinha 20 anos, achava que sabia de tudo, e falei para ele, amanhã eu estarei bem, vou ser Campeão Carioca, ele riu e falou, tomara, tá bom.

 

Veio o segundo tempo e eles empataram, mermão que porrada na boca do estomago, mas eu acreditava muita coisa, pois algo me dava a certeza que seríamos campeões e iríamos fazer mais um, mas eis que de repente o Lira me faz aquela falta criminosa no Fabinho, porque não fez antes dele fazer o segundo gol, ali foi uma porrada na cara, mas eu não sairia dali sem o título Carioca, mas o pessoal do outro carro cismou de ir embora antes do final do jogo, e eu falei que não iria, que tínhamos que esperar que seríamos campeões, consegui segurar o Serginho e o Carlinhos mais um pouco, mas de repente um dos dois decidiu ir com eles, eu briguei muito e não iria, mas como eu gastei todo o meu dinheiro com bebida, não tinha nem dinheiro para voltar para a casa, então sobre muito protesto e reclamação, quem me conhece imagina o que eu falei rsrs, fomos saindo o mais devagar possível, porque eu parava perto de todos os “coroas” da época, porque hoje eu sou “coroa” para alguns rsrs, e perguntava quanto estava o jogo, já no terceiro ou quarto um dos que queriam ir embora logo, falou, Bob se for gol vamos ouvir e o senhor se ajoelhou na curva da rampa superior e começou a rezar, e estava ouvindo o rádio, vem o Aílton, eu gritei é gol? Ele falou, tá vindo, tá vindo, tá é…….(saiu o GOL DE BARRIGA e não vi 🙁 ) antes que ele pudesse terminar o grito da Torcida Tricolor que estava nas arquibancada e eu louco de emoção não sabia o que fazer, comecei a correr em direção à arquibancada e olhei para trás e todos abraçados comemorando e começaram a rezar com o senhor e eu voltei correndo e perguntei, foi gol ou não foi gol? Alguém respondeu, foi, eu falei, o que você vão fazer aí, vou para lá comemorar o título, onde não deveríamos ter saído e subi correndo o mais rápido que pude, que loucura, eu não sabia mais o que fazer, já estava bebendo cerveja que desconhecidos me deram, mas naquele momento viraram meus melhores amigos (como eu sempre falo eu gosto de todo mundo que torce para o Fluminense, ser Tricolor é uma ótima premissa para ser meu amigo, de verdade) e eu corri para todos os lados e quando o apitador deu o seu último apito. Que êxtase, que sensação maravilhosa de vitória com um time fraco, mas unido e competente, algo sempre me disse que seríamos campeões, eu já tinha até comprado a faixa de campeão e deixe-a no “banheirão” que loucura, foi apoteótico. De repente meus amigos me acharam, vem vamos para as Laranjeiras, e mais do que depressa nós fomos para o carro e rumamos para a festa, me lembro de comemorar muito e depois não lembro de mais nada, só depois chegando tarde em casa e entrar no condomínio com a Armadura Tricolor e a faixa de Campeão e cantar o hino a plenos pulmões, assim como a música que começamos a cantar assim que o acabou o jogo (urubu otário, sou campeão no ano do seu centenário) e parei embaixo da janela de um amigo do meu pai que torcia para o outro time falou algumas besteiras para mim, e fiquei cantando esperando ele aparecer, mas infelizmente não apareceu, fraco! Ao chegar em casa e ao entrar em casa meu Pai acordado olhou para mim sério e falou, era você que estava gritando lá fora? Eu respondi, era, mas expliquei o motivo e ele falou, que jogão hein, eu queria estar lá contigo, como fomos no tricampeonato 83,84 e 85, eu falei o Senhor irá Pai, e nesse dia o amor ao nosso Tricolor falou mais alto e não tomei bronca e nem fiquei de castigo e claro que não consegui dormir nada aquela noite.

 

Bem eu tentei passar para vocês o que eu vivi na época, pois desde hoje cedo quando eu vi a data eu não consegui de parar de me lembrar do dia, e ao chegar em casa eu resolvi escrever para vocês minha crônica de como foi esse título com os detalhes que lembrei, espero que tenham gostado e vivido um pouco desse dia comigo, me fez viajar no tempo escrever para vocês e tenham certeza eu estou muito feliz com isso tudo.

 

Se você quiser ter o seu dia do gol de barriga publicado quinta que vem, na minha coluna, made para mim no e-mail: barbaflu2019@gmail.com se tivermos vários vou pedir a galera do Saudações Tricolor para escolher, se tiver só 2 vou publicar os dois, se não tiver nenhum eu vejo rsrs.

 

Torcida Tricolor, não tenha vergonha de comemorar esse que foi o título mais emblemático no Maracanã tanto que foi escolhido o maior jogo do estádio, se fosse o contrário teria até estátua, podem ter certeza.

 

Beijo do Barba FLU e Saudações Tricolores!

 

PS.: Ouvindo WhiteSnake.


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